sábado, 31 de janeiro de 2015

Dessensibilização dos 5 sentidos - Olfato

DESSENSIBILIZAÇÃO

Essa etapa da educação, trata-se principalmente do comportamento tranquilo e seguro que o cão deverá apresentar ao longo de sua vida, seja durante o trabalho e no seu dia-a-dia.
Para dessensibilização é necessário trabalhar o meio pelo qual capitamos suas sensações. Os 5 sentidos. Através dos sentidos tanto os humanos quanto os cães capturam o universo exterior, isto é, o que está fora de nós. 


Quanto mais trabalharmos para que o cão se “sinta” confortável, mais confiante o o condutor e o cão se sentirão seguro para desenvolver as atividades exigidas na terapia assistida por animais. Essa etapa devemos contar com a participação de vários auxiliares que atuam como personagens do cotidiano vivido pelo animal.
Durante 5 semanas explicarei um pouco sobre cada sentido e como dessensibilizá-lo. Começarei pelo sentido do OLFATO


O Olfato: através do olfato, os cães percebem o mundo ao seu redor. São dezenas de informações captadas que eles conseguem discriminar separadamente. Por definição clara, os cães são supersensíveis quando se trata do olfato.
Por possuírem essa “super habilidade”, a dessensibilização deve ocorrer não só para inibir os comportamentos mediante aos estímulos negativos, mas também aos estímulos positivos. Isto é, o cão não pode repelir um assistido que está com um cheiro forte de perfume, como também não pode desviar sua atenção para um cheiro de comida que está no ambiente ao lado de onde ocorre a sessão de terapia assistida.  


Estímulos negativos

Por serem muito sensíveis, cheiros doces e fortes de perfume, são rejeitados pelos cães. Aliás, o que consideramos cheiros agradáveis, na maioria são desagradáveis a eles e cheiros que consideramos ruins, são muito bem vindos.
Bem, o ideal é colocarmos sobre o ombro, uma toalha com um leve cheiro de perfume adocicado. Depois, chamar o cão de forma bem carinhosa, pegá-lo no colo e abraça-lo de forma que se sinta aconchegado. Pode ser no início, um abraço forte e rápido uma vez ao dia. Caso ele não se incomode ou a partir do momento que deixe de se incomodar, vá diversificando os cheiros e aumentando o tempo de permanência no colo. Se o cão estiver rejeitando por 3 dias esse cheiro, o ideal é trocar por um odor mais leve e gradativamente introduzindo cheiros mais fortes.

Além dos cheiros fortes, o cão pode evitar cheiros que associados à determinada situação vivida cause medo e insegurança. Se por exemplo, um cão apanhou muito de alguém que exalava um determinado cheiro, ele pode vir a associar esse cheiro à ação vivida no passado. Um outro exemplo mais comum é o cheiro existente em uma clínica veterinária. Cães que passaram por tratamento doloroso dentro de uma clínica, ele tende a sentir a mesma sensação de dor quando sente odores semelhantes.

Nesses casos, o ideal é fazer uma dessensibilização olfativa associada a dessesnsibilização visual. Levá-lo uma ou duas vezes por mês a um veterinário amigo só para receber afagos e petisco. Pode ser uma saída simples e que dá ótimos resultados. Ter um veterinário que além de competente seja carinhoso é fundamental para o cão terapeuta, pois ele o acompanhará durante anos.


Odores associados a traumas: nesses casos, devemos perceber como funciona a memória do cão. Embora existam poucos estudos, de maneira geral, a memória do cão é semelhante a do ser humano, mas ele não tem a noção e a consciência de sua memória, mas sim das mudanças fisiológicas que ocorre quando estão diante de uma situação vivida no passado ou quando está aproximando determinada hora de sua rotina como por exemplo a hora do almoço ou a chegada de seu dono. São processos biológicos  que  se alteram(os cães podem usar os osciladores circadianos, que são oscilações diárias de hormônios, temperatura corporal e atividade do sistema nervoso, para saber quando é provável que a comida esteja na tigela ou quando os donos voltarão do trabalho. Em vez de lembrar a quantidade de tempo entre as refeições ou a hora em que elas são servidas, os cães reagem a um estado biológico que eles alcançam em um determinado momento do dia. Então, todos os dias eles reagem a esse estímulo da mesma maneira e no mesmo horário).fonte: http://casa.hsw.uol.com.br/cachorros-e-tempo1.htm  - Autor: Jane McGrath


O importante na dessesnsibilização olfativa é agir com muito carinho e confiança na hora de introduzir o cheiro desagradável. No início ser o mais breve possível, mas que tenha uma rotina diária. É importante que seja feito esse tratamento todos os dias nem que seja por alguns segundos ou minutos. Se o cão não sentir aversão pode ir trocando de cheiros, sempre com o objetivo de introduzir cheiros nos quais vai vivenciar no trabalho terapêutico.
Estímulos positivos: o ideal, para um cão terapeuta, é que ele não necessite de recompensas através de petiscos, principalmente se o trabalho é em grupo. A comida quase sempre vai ser mais importante do que o assistido. Existem muitos cães vorazes e só funcionais se tiver um petisco.

Devemos lembrar-nos da importância do trabalho de terapia assistida por animais que é a interação entre o animal e o paciente. Qualquer ruído, qualquer interferência pode ameaçar essa relação e o assistido ao invés de adquirir um sentimento profundo de aceitação e de amor incondicional, pode se sentir preterido pelo petisco. O ideal, caso o cão não consiga realizar as tarefas sem o petisco, é que o próprio assistido o recompense. No início a cada atividade ele será recompensado, despois após 2 atividades seguidas recebe a recompensa, até que o petisco será dado ao cão somente no fim da sessão.

Veremos no próximo artigo a importância da dessensibilização tátil. É através de um bom treinamento de dessensibilização tátil que o profissional poderá fazer com que o cão se desvincule dos petisco, pois ele aprenderá que o carinho e o afeto de estranhos pode ser muito mais interessante que a comida.