quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ensinando a amar

Quem conhece meu trabalho, sabe da importância que dou na relação genuína entre o cão terapeuta e o assistido. Algumas pessoas podem não acreditar que o cão possa estabelecer uma conexão amorosa por um período tão curto de tempo que dura uma sessão. É difícil, aliás, muito difícil estabelecer um vínculo assistido/cão numa forma plena de carinho entre ambos. Mas, quando esse encontro acontece, estamos diante da verdadeira e plena terapia assistida por animais. No qual há a entrega absoluta do paciente. Ele passa a confiar no profissional oferecendo todos os aspectos mais íntimos a serem trabalhados.
Bem, mas, como disse não é tão fácil assim chegar a esse nível de relação. Vai depender de muito treino e de três fatores fundamentais:
A escolha do cão. Ao escolher um cão para trabalhar com terapia assistida, sempre procuramos um cão calmo e meigo. Sim, esse é um principio básico, mas também é de fundamental importância avaliar se o cão quer ficar no SEU colo ou no colo de todos, se ele abana o rabo para VOCÊ ou para todos. Veja, existe uma grande diferença em ser amoroso e ser apegado. O cão terapeuta deve ser afetuoso e meigo, mas não apegado. Assim ele será um cão carinhoso com todos e não somente com seu dono.
A sua necessidade afetiva: grande erro. Usar seu cão terapeuta para ser O seu cão terapeuta. Um profissional nunca poderá ter apego exagerado. O dono do cão deve amar, dar afeto, mas desapegar do seu cão, fazer com que ele goste não só do seu carinho mas do carinho de todos. Isso é um treino, é à base do adestramento para cães terapeutas. No caso de cães resgatados torna-se muito comum a ansiedade de separação, mas esse comportamento geralmente é adquirido, pois pela condição passada de sofrimento do cão, seu dono se compadece de tal forma que acaba o protegendo em excesso. Deixá-lo com amigos, em creche, socializa-lo com pessoas é fundamental para a saúde do animal.
Dessensibilização tátil. Um cão terapeuta deve gostar de toque, massagem, apertos (sem exagero, é claro), beijos (questão controversa, rs). Posso dizer que todos os autistas que trabalhei até hoje, não só passavam a mão nos cães mas se esfregavam, pareciam que queriam entrar dentro dos pelos. O tato e a emoção estão tão intimamente ligados, que sem dúvida este sentido deve ser treinado como o fator fundamental do sucesso da terapia assistida por animais. Esse treino não é só para o cão aceitar os toques, mas para ele amar ser tocado e massageado. O prazer mútuo entre assistido e o cão terapeuta.


Próximo post: como treinar o tato  

sábado, 31 de janeiro de 2015

Dessensibilização dos 5 sentidos - Olfato

DESSENSIBILIZAÇÃO

Essa etapa da educação, trata-se principalmente do comportamento tranquilo e seguro que o cão deverá apresentar ao longo de sua vida, seja durante o trabalho e no seu dia-a-dia.
Para dessensibilização é necessário trabalhar o meio pelo qual capitamos suas sensações. Os 5 sentidos. Através dos sentidos tanto os humanos quanto os cães capturam o universo exterior, isto é, o que está fora de nós. 


Quanto mais trabalharmos para que o cão se “sinta” confortável, mais confiante o o condutor e o cão se sentirão seguro para desenvolver as atividades exigidas na terapia assistida por animais. Essa etapa devemos contar com a participação de vários auxiliares que atuam como personagens do cotidiano vivido pelo animal.
Durante 5 semanas explicarei um pouco sobre cada sentido e como dessensibilizá-lo. Começarei pelo sentido do OLFATO


O Olfato: através do olfato, os cães percebem o mundo ao seu redor. São dezenas de informações captadas que eles conseguem discriminar separadamente. Por definição clara, os cães são supersensíveis quando se trata do olfato.
Por possuírem essa “super habilidade”, a dessensibilização deve ocorrer não só para inibir os comportamentos mediante aos estímulos negativos, mas também aos estímulos positivos. Isto é, o cão não pode repelir um assistido que está com um cheiro forte de perfume, como também não pode desviar sua atenção para um cheiro de comida que está no ambiente ao lado de onde ocorre a sessão de terapia assistida.  


Estímulos negativos

Por serem muito sensíveis, cheiros doces e fortes de perfume, são rejeitados pelos cães. Aliás, o que consideramos cheiros agradáveis, na maioria são desagradáveis a eles e cheiros que consideramos ruins, são muito bem vindos.
Bem, o ideal é colocarmos sobre o ombro, uma toalha com um leve cheiro de perfume adocicado. Depois, chamar o cão de forma bem carinhosa, pegá-lo no colo e abraça-lo de forma que se sinta aconchegado. Pode ser no início, um abraço forte e rápido uma vez ao dia. Caso ele não se incomode ou a partir do momento que deixe de se incomodar, vá diversificando os cheiros e aumentando o tempo de permanência no colo. Se o cão estiver rejeitando por 3 dias esse cheiro, o ideal é trocar por um odor mais leve e gradativamente introduzindo cheiros mais fortes.

Além dos cheiros fortes, o cão pode evitar cheiros que associados à determinada situação vivida cause medo e insegurança. Se por exemplo, um cão apanhou muito de alguém que exalava um determinado cheiro, ele pode vir a associar esse cheiro à ação vivida no passado. Um outro exemplo mais comum é o cheiro existente em uma clínica veterinária. Cães que passaram por tratamento doloroso dentro de uma clínica, ele tende a sentir a mesma sensação de dor quando sente odores semelhantes.

Nesses casos, o ideal é fazer uma dessensibilização olfativa associada a dessesnsibilização visual. Levá-lo uma ou duas vezes por mês a um veterinário amigo só para receber afagos e petisco. Pode ser uma saída simples e que dá ótimos resultados. Ter um veterinário que além de competente seja carinhoso é fundamental para o cão terapeuta, pois ele o acompanhará durante anos.


Odores associados a traumas: nesses casos, devemos perceber como funciona a memória do cão. Embora existam poucos estudos, de maneira geral, a memória do cão é semelhante a do ser humano, mas ele não tem a noção e a consciência de sua memória, mas sim das mudanças fisiológicas que ocorre quando estão diante de uma situação vivida no passado ou quando está aproximando determinada hora de sua rotina como por exemplo a hora do almoço ou a chegada de seu dono. São processos biológicos  que  se alteram(os cães podem usar os osciladores circadianos, que são oscilações diárias de hormônios, temperatura corporal e atividade do sistema nervoso, para saber quando é provável que a comida esteja na tigela ou quando os donos voltarão do trabalho. Em vez de lembrar a quantidade de tempo entre as refeições ou a hora em que elas são servidas, os cães reagem a um estado biológico que eles alcançam em um determinado momento do dia. Então, todos os dias eles reagem a esse estímulo da mesma maneira e no mesmo horário).fonte: http://casa.hsw.uol.com.br/cachorros-e-tempo1.htm  - Autor: Jane McGrath


O importante na dessesnsibilização olfativa é agir com muito carinho e confiança na hora de introduzir o cheiro desagradável. No início ser o mais breve possível, mas que tenha uma rotina diária. É importante que seja feito esse tratamento todos os dias nem que seja por alguns segundos ou minutos. Se o cão não sentir aversão pode ir trocando de cheiros, sempre com o objetivo de introduzir cheiros nos quais vai vivenciar no trabalho terapêutico.
Estímulos positivos: o ideal, para um cão terapeuta, é que ele não necessite de recompensas através de petiscos, principalmente se o trabalho é em grupo. A comida quase sempre vai ser mais importante do que o assistido. Existem muitos cães vorazes e só funcionais se tiver um petisco.

Devemos lembrar-nos da importância do trabalho de terapia assistida por animais que é a interação entre o animal e o paciente. Qualquer ruído, qualquer interferência pode ameaçar essa relação e o assistido ao invés de adquirir um sentimento profundo de aceitação e de amor incondicional, pode se sentir preterido pelo petisco. O ideal, caso o cão não consiga realizar as tarefas sem o petisco, é que o próprio assistido o recompense. No início a cada atividade ele será recompensado, despois após 2 atividades seguidas recebe a recompensa, até que o petisco será dado ao cão somente no fim da sessão.

Veremos no próximo artigo a importância da dessensibilização tátil. É através de um bom treinamento de dessensibilização tátil que o profissional poderá fazer com que o cão se desvincule dos petisco, pois ele aprenderá que o carinho e o afeto de estranhos pode ser muito mais interessante que a comida.   


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Amor incondicional pelo seu cão

Como amar um cão como se fosse seu filho

Lembro de um cãozinho muito fofo que conheci. Sua dona o adorava. Ele tinha um quarto cheio de brinquedos, almofadinhas e ossinhos. Sua alimentação era ração misturada com picadinho de carne ou frango. O acesso a casa era irrestrito. Ela o amava tanto que não queria que ele tivesse contato com outros animais para não machucá-lo. Ela me contratou para socializá-lo, com a recomendação de que ele não chegasse muito perto dos outros cães por causa da sua alergia a outros cães.

Pois é, essa cara que você está fazendo agora, eu também fiz quando essa senhora me disse que o cachorro tinha alergia a cachorro !?

Foi uma situação muito difícil de contornar. Naquele momento, se eu fosse discutir veementemente o objetivo da socialização, com certeza ela teria me dispensado e era tudo que eu não queria, pois estava comovida com a situação do cão. Ele era muito obediente e carinhoso. Na verdade, ela só me chamou porque ele estava acabando com suas patas de tanto lamber.

O que fiz foi um acordo com ela. Eu o levaria para passear na Cobasi, assim ele poderia se divertir enquanto passeava pelos corredores da loja e depois eu o levaria para minha casa, para que ele pudesse se distrair em outro ambiente. Veja, eu não menti, ela sabia que eu tinha cães. Todos os dias que saia com ele, eu passava na Cobasi e depois ia para a minha casa. Por sorte, ela não me perguntou quantos cães eu tinha em casa (mais ou menos uns 6, 3 meus e os outros de clientes).

Na minha casa, o cachorrinho brincava muito com todos os outros. Ele corria pelo quintal, brincava de cabo-de-guerra, se jogava no meio da grama, ele ficava muito alegre. Faltando uns 15 minutos para ir embora, eu o limpava e o devolvia. Foi assim até ficar com uma idade muito avançada, que já não dava mais para fazer esforços.
Hoje fico pensando, que tipo de amor se pode ter por um cão? Será que a forma que nós amamos um cão serve de parâmetro para avaliarmos como nos relacionamos com as pessoas amadas? Será que o cão é um depositário das nossas verdadeiras emoções?  Para saber as sensações  que meu cão sente, como frio, medo ou fome, eu tenho como referências as minhas próprias sensações?

Quem sabe ao responder essas perguntas, estaremos fazendo uma AUTO-TAA e economizaremos uma pequena fortuna gasta com os nossos analistas.

E, voltando ao título acima, tenho a certeza que para amar seu cão como se fosse o seu filho, o melhor a fazer é tratá-lo pelo que ele realmente é. Um cão.

domingo, 5 de maio de 2013

Expectativa versus ansiedade


O cão que trabalha em TAA, pode ter um comportamento inadequado em determinada atividade durante a sessão. Um exemplo é nas atividades com bola. Os cães, principalmente goldens e labradores, ficam excitados e acabam ou pulando no assistido ou latindo até que joguem a bola para ele pegar. 

Brincar de jogar bolinha é uma excelente atividade que muitos profissionais abolem da sessão, pois os cães ficam agitados e desfocam do objetivo real que é a terapia. 

E como resolver essa questão?

Entramos em uma sutil diferença que muda completamente a postura do cão. A divergência entre expectativa e ansiedade.

Um cão, para ter bom rendimento, necessita que o seu condutor consiga criar uma expectativa nele durante as atividades na sessão, sem deixá-lo ansioso. O cão precisa ter a certeza  que irá ganhar a recompensa. Dessa forma, o cão fica motivado para fazer aquele comando, pois no final será recompensado com petisco, carinho ou um brinquedo. 

O cão espera o tempo que for necessário para ser recompensado. Mas quando o condutor ultrapassa o limite da  sua tolerância, a expectativa se transforma em ansiedade e aí sim,  leva ao mau comportamento.

TREINANDO O CÃO EM CASA

O que fazer para criar uma expectativa sem que vire ansiedade?

Primeiro: diminuir o tempo para dar a recompensa; Para cães muito ansiosos, fique com duas bolas. Dessa forma, nos primeiros minutos o cão terá rapidamente a recompensa. Depois gradualmente, vá espaçando o tempo de jogar a bolinha.

Segundo: não dê muitos reforços positivos ao mesmo tempo, isto é, não agrade com afagos  ao mesmo tempo que está dando o petisco e ainda falando "muito bem". Apenas afague ou de petisco passando tranquilidade e segurança para diminuir a ansiedade. 

Terceiro: enquanto o cão não assimilar que será recompensado, dê o prêmio sempre que tiver o comportamento correto, sem intervalos.

Quarto: cães agitados devem ser pouco estimulados, pois logo ficam ansiosos. O estímulo deve ser imediato. Exemplo: jogou a bolinha, devolve e você ou o assistido joga novamente sem  dar tempo para que ele lata ou tente pegar a bolinha da mão.

Quinto: essa atividade não deve durar muito para cães "loucos por bolinhas". depois de uns 10' ou 15', passe para uma atividade mais tranquila, como caminhar, túnel até chegar na atividade bem relaxante, como escovação e massagem. 

Abaixo a definição das duas palavras, segundo o dicionário Michaelis on-line.  
expectativa
ex.pec.ta.ti.va
sf (lat exspectare+ivo) 1 Situação de quem espera uma probabilidade ou uma realização em tempo anunciado ou conhecido. 2 Esperança, baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. 3 Estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável.
ansiedade
an.si.e.da.de
sf (lat anxietate) 1 Aflição, angústia, ânsia. 2 Psicol Atitude emotiva concernente ao futuro e que se caracteriza por alternativas de medo e esperança; medo vago adquirido especialmente por generalização de estímulos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013


Meu cão, meu tesouro



 Como amamos o nosso cão! Como é gostoso chegar em casa e ser recebido com um rabo frenético. Como é gosto ver sua carinha olhando para o rosto da gente enquanto estamos falando alguma coisa que ele nem entende ou finge não entender. Como ele fica todo cheirosinho depois de um banho no pet shop! Tem aqueles que o tempo todo pedem carinho. Pedem mesmo.  Se você não dá, ele delicadamente enfia o focinho na sua mão e vai forçando a cabeça, forçando, até quase dentro de você.

Bem, eu tenho muitas lembranças ternas e engraçadas de como nossos cachorros se comportam conosco e o que eles nos fazem sentir de bom, mas agora eu quero é falar de alguns ônus, de como esse amor que sentimos pelos nossos cães pode trazer consequências negativas.    

Um dos nossos maiores erros, por exemplo, é jurar que o cão sente a mesma coisa que sentimos, que os sentimentos deles funcionam como os dos humanos. Situação 1: você  de repente começa a sentir frio, nem pensa muito se está mesmo frio, e vai pegar um agasalho pôr. De repente vê seu cão por perto, conclui que ele ele está sentindo o mesmo frio que você e coloca uma roupinha nele também. Situação 2: a ideia de ficar no escuro lhe causa desconforto, você associa escuro com abandono, medo, aprisionamento. Então, sempre que sai à noite, você faz questão de deixa a luz de casa acesa para que seu cão, que lá ficou, não se sinta abandonado, aprisionado no escuro, com medo, enfim para que ele não tenha as mesmas sensações desagradáveis e angustiantes que o estar no escuro lhe causa.

No entanto, na situação 1, se você puser um agasalho no seu cão só porquevocê está sentindo frio, o mais provável, se não estiver frio de fato, é que seu comece a sentir calor, a respirar com a língua para fora. Na situação 2, se ao sair à noite, você deixou uma luz acesa para o seu cão não trincar os dentes de tanto medo, o mais provável é que na volta você descubra que, ao contrário do que você imaginava, ele foi justamente procurar o lugar mais escurinho da casa para dormir melhor.

Assim,  quando, mesmo que sem querer, projetamos nossos sentimentos no nosso cão, podemos interferir negativamente na qualidade de vida dele. Também é preciso ficar atento para que o nosso animal não se torne, pela nossa falta de informação ou por descuido, um cão medroso ou violento.

Veja alguns excessos que você pode cometer:

Limpeza: Os cães não gostam de perfume nem de cheirinho de limpeza. Para o cão, o cheiro de perfume só tem cheiro de perfume — é sem graça demais, não é nada emocionante. Já o cheiro que é ruim para nós representa para eles um universo maravilhoso de odores a serem explorados, um mundo de aventura: de outros cães, gatos, pessoas, cocô, xixi... Portanto, não se importe muito se o seu cão andar cheirando algumas porcarias por aí, nem que ele se suje. Caso você tenha muita alfição de vê-lo um pouco mais sujo, no dia do banho leve-o antes a uma praça e deixe-o cheirar sujeiras de rua e brincar à vontade com outros cães no barro, na terra. Tenha a certeza de que você está proporcionando uma experiência rica para ele.

Comida: O seu cão adora a sua comida (a sua mesmo, ainda que adore a dele também), e você acaba ficando com tanta dó de privá-lo daquela lasanha que só a sua mãe sabe fazer que resolve dar “só um pedacinho” para ele não passar vontade, e de pedacinho em pedacinho de uma coisa aqui e outra ali o cão vai ficando obeso.
Preciso confessar que eu mesma já tive muita dificuldade em ser firme nessa hora, mas acabei encontrando um jeito. Sempre que vou comer, eu sirvo a comida deles também. Assim, enquanto eu como a minha, eles comem a deles. O mais importante é que seu cão esteja sempre no peso ideal, portanto faça a sua parte e lembre-se: a saúde dele depende de você. Pense e aja por ele.

Zelo: Visitas constantes ao veterinário podem ser desnecessárias e estressam o cão. Sei de casos de alguns cães que só entram no carro para ir ao veterinário, o que faz com que eles acabem associando o carro com uma experiência negativa. Também há pessoas que assim que veem seu cão fazendo um cocô mole dão logo um vermífugo ou algum remédio contra diarreia. Aqui em casa, quando algum cachorro está com diarreia eu suspendo a alimentação por 24 horas, dou bastante água de coco para que ele não desidrate e aguardo a melhora antes de levá-lo por impulso ao veterinário. Tenha um kit básico de pronto-socorro com polvedine, cerumim etc. Já os remédios alopáticos só utilize quando realmente houver necessidade e sob orientação do seu veterinário.

Proteção: Cães de pequeno porte tendem a pedir colo por qualquer coisa, por exemplo quando veem um cachorro maior se aproximando, se você senta no sofá, se alguma criança vai afobadamente na direção deles... Um cão pequeno precisa ser protegido mais que os cães maiores, é verdade, mas com moderação. É importante que ele também aprenda a se proteger, para não ficar inseguro quando você não estiver por perto. Cães de pequeno porte podem brincar com cães sociáveis de grande porte. Cães de pequeno porte podem ir no colo de uma criança que saiba como segurá-lo com segurança. O que geralmente acontece é que antes da situação ameaçadora ocorrer, o cão já dá um chorinho pedindo colo e o dono rapidamente o atende. Socialize-o desde pequeno, deixe que ele chore um pouco e tente deixar que ele mesmo resolva as situações antes de você pegá-lo no colo. Deixe-o também ficar no colo de outras pessoas, isso o ajudará a lidar com seus medos e a se dar conta de que o mundo é feito de outras pessoas legais além de você. Para ele, acreditar que o mundo bom e seguro não é feito exclusivamente de você, do seu dono, é uma injeção saudável de autoconfiança. Já você... Ah, você, sim, pode continuar gritando aos quatro ventos, sem problema nenhum, que o seu cão é o cão mais bonito, o mais legal e o mais inteligente que existe no mundo.

Pelo menos é isso que eu acho dos meus! rs,rs,rs

sexta-feira, 22 de março de 2013

ESTOU VELHA


Os 5 sentidos: tato


O tato é um sentido que geralmente passa despercebido. Pensamos: Graças a Deus não sou cego ou coitada dessa menina é surda!

E brindamos com prazer o sentido do olfato comprando perfumes e flores  para embelezar nossas vidas. Inventamos receitas culinárias ou comemoramos qualquer data com belos jantares que deleitam o nosso paladar.

E o tato fica lá, escondidinho. 
É normal sermos acariciados, tocados, não precisamos pedir para nossos amigos, maridos, esposas e filhos para nos abraçar para nos tocar, tudo é natural, um aperto de mão, um afago. É certo que quando nos deixamos queimar com uma panela ou depilamos a perna, relembramos, de uma maneira nada agradável, que sentimos a nossa pele. Mas se tudo transcorrer normalmente, o tato pode ser considerado o “irmão menos ilustre” dos 5 sentidos.

Até percebemos  que não somos mais tocados. Que os beijinhos ficam só na hora da despedida, que nossos parceiros já partiram, nossos netos já não precisam de nosso colo Será que é nessa hora que envelhecemos? Quando o toque fica cada vez mais distante?

Estou velha


Já não ouço como antes,
Minha visão está muito cansada
Não posso mais sentir o gosto das comidas proibidas
E o cheiro de limpeza, faz com que fique cada vez mais distante o aroma de um café com bolinhos de chuva ou a água de cheiro que colocava após o banho.
E quando tudo parece ter pouco sentido, descubro como era gostoso tocar e ser tocado.

Agora passamos a ser tocados por auxiliares de enfermagem, sempre com pressa e preocupados com a nossa higiene. Os familiares quando aparecem aos domingos nos abraçam com tanta rapidez que não dá tempo de sentir o calor dos seus corpos. É um abraço na chegada e outro na saída. Dois rápidos contatos físicos. Como é forte o desejo de sentir o outro, mas como é difícil quando envelhecemos.
Acho que por isso Deus criou os animais. Onde moro existe alguns cães que  vêem me visitar e não se importam em ser tocados, ao contrário, eles vêm, se aconchegam no meu colo e pedem carinho. Acaricio seus pelos delicadamente e vou sentindo um calor no meu coração, uma lembrança de que eu existo e que estou sendo importante para alguém. Esses peludinhos  ficam realmente felizes em serem tocados pelas minhas mãos enrugadas e frias. Eu sinto que eles gostam,  o meu coração vai se aquecendo e o calor passa por todo o meu corpo.

Às vezes recebo uma lambida na mão de algum cachorrinho mais alegrinho. Sua língua tão quentinha está retribuindo o meu carinho. Tento me deliciar ao máximo antes que alguém rapidamente limpe minha mão com lenços umedecido ( frio e perfumado demais para o meu gosto). Acho que são os beijos mais sinceros que recebo. Não sei porque limpam a baba do cachorro se eu mesmo agora dei para babar...A velhice tem disso, a gente baba. Mas quem liga para isso, somente os que não babam. O cãozinho que está no meu colo não se importa, aliás ele também baba, imagina se ele está preocupado com isso. O que ele quer? São os MEUS afagos.

Os cachorros grandes caem no chão com a barriga para cima e eu fico passando os meus pés na barriga deles. Eu sinto, uns tem pelo longo macio como cabelo de mulher rica, outros tem a barriga lisinha. sabia que eu sei identificar a cachorra que já teve cria? Com os meus pés eu vou acariciando sua barriga até chegar nas suas tetas. Tetas grandes é sinal de boa parideira,  tetas pequenas são cachorras que nunca cruzaram. Tem cachorro que quando eu passo a mão dá para sentir suas costelas. Eu penso em falar para a dona: vai no açougue e compre um pouco de bofe, mistura com arroz e fubá. Eles ficam fortes como um touro. Mas não adianta falar, hoje em dia é tudo na base da ração.

Para ser sincera, eu sei que quem vem me visitar gosta de mim, são boa gente, mas também sei que existe um certo esforço para parecerem naturais. Já os cães que vêm me visitar são espontâneos como todo cão.

Hoje veio me ver a Mel. O rabinho dela é pequenino e fica balançando de alegria quando me vê. Ela é daquele tipo peludinha. Um pelo lisinho , parece cabelo de boneca. Quando toco nela lembro dos banhos que dava na Pituca. A Pituca era assim, ela sabia quando eu estava para chegar em casa e já ia para o portão me esperar. Eu coço a orelha da Mel e ela vira a cabecinha adorando. Aprendi com a Pituca que todo o cachorro gosta que cocem sua orelha. A Pituca só não gostava de banho. Ela tinha uma toalha só dela e quando eu pegava a toalha e o sabão de côco ela fugia para dentro do caixote dela. Será que a Mel tem medo de banho? Hoje ela me deu três lambidas, mas realmente não sei porquê precisam limpar a minha mão quando ela me lambe, a lingüinha dela é tão pequena e limpinha. Será que quando eu era jovem também me preocupava com coisas tão desinteressantes? Bem eles são jovens, eles é quem mandam.

Me despeço da Mel com um abraço e enquanto vejo ela partir para o colo de outra pessoa percebo que minha mão está quente e relaxada. Fico pensando até quando vai durar essa sensação gostosa que estou sentindo por dentro e por fora? Fechei os olhos, adormeci e sonhei que a Pituca estava querendo dormir comigo na cama. Ela estava pedindo com o olhar e eu, que nunca deixei, peguei-a no colo e a aconcheguei sobre meus braços até dormirmos as duas juntas. Quando acordei, senti muitas saudades da minha Pituca que me acompanhou durante 15 anos da minha vida, mas não estou triste , pois sei que nos próximos dias vou ver o Pequeno Ninja, o Thor, a Zizi, o Mário (rá,rá,rá, o Mário é tão lindão que tem até nome de gente...) o Nozinho, a Mila, a Brunela , o Maguila, a Kailana, o Capuccino, o Dick ...