terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma sessão de TAA bem sucedida


Dias atrás me encontrei com Laís, voluntária do INATAA que trabalha no NIR (Núcleo Integrado de Reabilitação)de Guaianases com sua cachorra Mel(yorkshire). A Laís me relatou como foi interessante e produtiva a sessão de quarta-feira com Melzinha e o grupo de assistidos com Parkson.
 A Mel é uma cachorrinha que adora bolinha de uma forma muito possessiva. Quando pega a bola, não entrega para quase ninguém. Como esse comportamento é inadequado, A Laís pediu minha ajuda. Dei todas as dicas possíveis para eliminar esse comportamento, mas todos os métodos utilizados não foram tão eficazes quanto à eficiência de Melzinha em nos driblar.
O que fazer? Afastar uma das melhores co-terapeutas do INATAA?
Ela é uma cachorra que deixa ser tocada, além do trabalho no NIR ela vai ao Dante Pazzanese trabalhar com crianças e adultos cardíacos e trabalha na fisioterapia assistida por animais no asilo Padre Vicente Melilo.
Para resolver o problema ficou decidido que Melzinha não brincaria com bolinha nas sessões. Tudo resolvido.
Bem, voltando à terapia assistida interessante e produtiva que tiveram, Laís me contou que os pacientes apresentam grande dificuldade na torção de tronco, pois são “monobloco”. Fazer o movimento de girar o tronco é doloroso e desgastante para quem tem Parkinson.
Laís teve a idéia de brincar com a Melzinha utilizando a bolinha. Eles teriam que pegar a bola dela. É óbvio que eles se cansavam muito antes da Mel e cansados sentavam na cadeira.  Mel, inconformada, ficava com a bolinha na boca atrás deles olhando com uma carinha de “vem buscar, vem”. Com isso os pacientes faziam o movimento giratório tentando olhar para ela e nem perceberam que estavam fazendo fisioterapia. Foi super divertido, e só quem conhece a Mel, sabe como ela é persistente.

O que representa um comportamento inadequado de um cão no convívio diário, isto é, na sua casa, brincando com seus donos, pode ser um comportamento muito eficaz dentro da TAA.

Cada cão terapeuta tem suas peculiaridades, tanto positivas quanto negativas e saber utilizá-las para o bem, faz com que a terapia se desenvolva em um clima harmonioso, pois  o cão se sente mais tranqüilo e equilibrado exercitando suas características atávicas.

Veja alguns comportamentos que podem ser “reciclados”:

- Comportamento inadequado: cão só pensa no petisco
- Brincadeira adequada: esconder o petisco na mão de um dos assistidos para que o cão procure em qual mão está o petisco. (como a brincadeira de passar o anel)

- Comportamento inadequado: cães pulando em pessoas
- Brincadeira adequada: treinar os cães de médio e pequeno porte para girar somente com as patas traseiras no chão. Com um petisco na mão, quando ele levantar as patas dianteiras, encoste o petisco no seu focinho e gire. Quando der uma volta inteira, dê a ele o seu prêmio. Ensine o assistido a fazer essa brincadeira. Para cães de grande porte, quando ele pular, coloque o seu braço embaixo dos braços dele, como um apoio e vire o cão de costas para o assistido. Controle com a ajuda de um petisco o tempo que ele ficará nessa posição.


A minha primeira cachorra a trabalhar comigo foi a Scully, uma poodle que está com 14 anos. Ela infelizmente foi treinada com muito petisco e não havia nada que ela não fizesse para ganhar um prêmio. Isso começou a dar um grande problema. A sala que trabalhávamos no Dante Pazanese era muito pequena, tinham algumas cadeiras, e um aparador no qual ficava uma bíblia. Nesse aparador colocávamos as nossas bolsas com petisco dentro. A Scully começou a parar de brincar com os assistidos para ficar de baixo do aparador olhando para cima pedindo o petisco. Ela pedia com a pata, olhava para mim e dava um latidinho, rosnava reclamando, só pensava no petisco. Um belo dia tive uma idéia. Abri a bíblia e coloquei um petisco no meio. Falei para a Scully: pede para o papai do céu, quem sabe ele te dá um petisco. Ela, sentindo o cheiro do doguitos, olhava para a bíblia e resmungava. Parecia mesmo que estava rezando. Essa brincadeira rendeu boas risadas por parte dos assistidos e alguns quilos extras para a Scully.     

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PUNIÇÃO

Entre os donos de cão, existe uma dúvida interessante quando o assunto é: Como eliminar o mau comportamento do cachorro.
A maioria dos donos de cães vê a punição como o mal necessário para a educação canina. Mas cuidado, essa prática tem suas armadilhas. Em via de regra, logo após o castigo, bate aquela culpa por ter exagerado na dose. E o pior, ao sentir-se culpado, o jeito que o dono encontra para compensar o castigo é dando uma boa “recompensa” (muitos afagos, colinho e petiscos)

Grande parte das punições acontece de forma violenta e passional, sendo que o que era para ser um ato educativo se torna uma explosão de raiva quase incontrolável. Quem, com um filhote em casa já não experimentou a seguinte situação: em um dia estressante, você chega super cansado do trabalho e ao abrir a porta do apartamento, depara com um monte de lixo da cozinha ou do banheiro espalhado pela sala? Os 10 minutos seguintes são de uma revolta tamanha que, na sua cabeça delirante, um simples castigo, seria muito pouco. A vontade é de estrangular o causador dessa sujeira toda.

Mas, passado os 10 minutos, geralmente quando está quase terminando a limpeza e os batimentos cardíacos estão voltando ao normal, você “sempre” cai na besteira de olhar para o cão. Nesse momento você começa a sentir o peso do arrependimento. Ele com aquela cara de coitadinho te olha como se você fosse um carrasco, e o pior, você se sente um crápula. E aí, o final da história já é conhecido (muitos afagos, colinho, petiscos e quem sabe, até um “pode dormir na minha cama só hoje”).
E como eliminar esse comportamento?

Bem, no meu entender, essa pergunta freqüente está completamente errada. O comportamento de um cão filhote ou de um cão jovem é exatamente esse. Morder coisas, brincar com panos, enfim, “estragar” brinquedos não é um mau comportamento, é um comportamento de um cão normal. Crianças brincam, filhote de leopardo brinca, filhote de raposa brinca. Faz parte do desenvolvimento de um mamífero pegar coisas  com a boca e em se tratando de um cão coisas com cheiro gostoso.

Você deve estar imaginando que então, não tem jeito. Tem jeito sim, só que dá trabalho.
Quando compramos ou ganhamos um animal de estimação, temos que ter a consciência que um animal precisa ser educado, que isso é um processo e que vamos gastar meses para alcançar o resultado desejado.
Não existe milagre. É necessário passar por todas as fases do desenvolvimento e cabe a você, tomar cuidado para evitar que o cão acabe com a sua casa.

Veja algumas informações que poderão ser úteis:

  • Acorde meia hora antes que o habitual para poder organizar sua casa;
  • Faça uma lista de objetos que não podem ser destruídos e os retire do alcance do seu cão;
  • Lembre de fechar todas as portas dos armários, fechar o banheiro e suspender os cestos de lixo;
  • Tire tapetes e passadeiras enquanto o cão estiver na fase de controle do xixi;
  • Espalhe muito jornal pela casa para que o cão ao sentir vontade de fazer xixi, tenha logo o seu “banheiro” por perto. Vá diminuindo a quantidade de jornal conforme o número de acertos;
  • Leve seu cão a um pet shop e faça-o sentir o cheiro de perfume para cães. Compre o que ele mais sentiu aversão e coloque nos pés das cadeiras, sofá e poltronas;
  • Caso você não queira que ele suba no sofá, ao invés de não deixá-lo na sala, coloque alguns objetos pesados no assento, assim não terá espaço para ele deitar;
  • Compre bastante brinquedo que possa ser destruído;
  • Dê a ele algum pano ou camiseta com seu cheiro para que possa brincar;
  • Deixe biscoitos escondidos;
  • Durma com algum brinquedo de pelúcia e na manhã seguinte, antes de sair, dê para ele brincar;
  • Faça uma bola de meia com sua meia usada (não lave a meia) e deixe junto com os brinquedos;
  • Esfregue em um ossinho, salsicha (pode ser normal, de frango ou  de peru) e deixe para que ele se divirta lambendo o osso antes de roê-lo.

E LEMBRE-SE: UM CÃO PRECISA SER SOCIALIZADO, QUER DIZER, ELE PRECISA PASSEAR TODOS OS DIAS.