Quem conhece meu trabalho, sabe da importância que dou na
relação genuína entre o cão terapeuta e o assistido. Algumas pessoas podem não
acreditar que o cão possa estabelecer uma conexão amorosa por um período tão
curto de tempo que dura uma sessão. É difícil, aliás, muito difícil estabelecer
um vínculo assistido/cão numa forma plena de carinho entre ambos. Mas, quando
esse encontro acontece, estamos diante da verdadeira e plena terapia assistida
por animais. No qual há a entrega absoluta do paciente. Ele passa a confiar no
profissional oferecendo todos os aspectos mais íntimos a serem trabalhados.
Bem, mas, como disse não é tão fácil assim chegar a esse
nível de relação. Vai depender de muito treino e de três fatores fundamentais:
A escolha do cão.
Ao escolher um cão para trabalhar com terapia assistida, sempre procuramos um
cão calmo e meigo. Sim, esse é um principio básico, mas também é de fundamental
importância avaliar se o cão quer ficar no SEU colo ou no colo de todos, se ele
abana o rabo para VOCÊ ou para todos. Veja, existe uma grande diferença em ser
amoroso e ser apegado. O cão terapeuta deve ser afetuoso e meigo, mas não
apegado. Assim ele será um cão carinhoso com todos e não somente com seu dono.
A sua necessidade
afetiva: grande erro. Usar seu cão terapeuta para ser O seu cão terapeuta.
Um profissional nunca poderá ter apego exagerado. O dono do cão deve amar, dar
afeto, mas desapegar do seu cão, fazer com que ele goste não só do seu carinho
mas do carinho de todos. Isso é um treino, é à base do adestramento para cães
terapeutas. No caso de cães resgatados torna-se muito comum a ansiedade de
separação, mas esse comportamento geralmente é adquirido, pois pela condição
passada de sofrimento do cão, seu dono se compadece de tal forma que acaba o
protegendo em excesso. Deixá-lo com amigos, em creche, socializa-lo com pessoas
é fundamental para a saúde do animal.
Dessensibilização tátil.
Um cão terapeuta deve gostar de
toque, massagem, apertos (sem exagero, é claro), beijos (questão controversa,
rs). Posso dizer que todos os autistas que trabalhei até hoje, não só passavam
a mão nos cães mas se esfregavam, pareciam que queriam entrar dentro dos pelos.
O tato e a emoção estão tão intimamente ligados, que sem dúvida este sentido
deve ser treinado como o fator fundamental do sucesso da terapia assistida por
animais. Esse treino não é só para o cão aceitar os toques, mas para ele amar
ser tocado e massageado. O prazer mútuo entre assistido e o cão terapeuta.
Próximo post: como treinar o tato