sábado, 10 de março de 2012

Minha humilde impressão sobre a peça Nise da Silveira


Fui assistir a peça sobre a Nise da Silveira.
Ao entrar na sala do teatro, deparamos com a atriz no início do corredor, pintando um quadro. A pintura: uma mandala. Depois que todos se sentam, o produtor da peça se aproxima dela, faz um cumprimento com as mãos juntas tipo cumprimento de budista ou alguma dessas religiões orientais e aí a atriz vai para o palco dar início ao espetáculo. Começa dançando e falando em algumas línguas (francês, italiano) e depois para, fala algo sobre Nise, alguma coisa engraçada sobre ela e  volta a dançar. Vai assim durante todo o tempo que estive lá.

No meio da fala ou da dança, não me lembro ao certo, aparece a imagem de Ferreira Gullar dando um pequeno depoimento sobre Nise. Disse como ela alertou a classe psiquiátrica sobre a importância do afeto e que os pacientes esquizofrênicos tinham sim afetividade.

Quem assistiu a peça e não conhecia o trabalho da Nise, provavelmente saiu com a impressão de uma mulher que brigava muito por seus ideais, uma mulher teimosa, comunista e espirituosa. Só!
As frases maravilhosas que ficaram famosas de Nise, foram jogadas durante a peça, parecendo que ela era mais uma pessoas cheia de “frases de efeito” do que qualquer outra coisa.
O que faltou? A seriedade de Nise da Silveira. Onde ficou a Nise com uma teoria embasada nas suas pesquisas, onde ficou a importância real da afetividade e de seu tratamento embasado na expressão não verbal como forma de trasladar o inconsciente? Não foi dito o principal, que Nise frisava com veemência a importância de estudar muito para saber traduzir a interpretação simbólica das expressões artísticas , as expressões não verbais, no qual podemos incluir a relação homem-animal. Aliás, quem não a conheceu, nem imagina que ela trabalhou com animais, somente que tinha gatos.

Enfim, foram várias “pinceladas” muitas delas caricatas da vida de Nise da Silveira como psiquiatra e mulher vanguardista. Tudo isso dito de forma tão pretensiosa com um falso simbolismo de dar sono.

E no final, a atriz disse que queria terminar com o desejo da Nise: liberdade!

Gente, só pra constar: a Nise e a torcida do Corinthians desejam liberdade, mas acho que ela além da tal liberdade, também gostaria que fosse difundido o conceito de psiquiatria humanitária, psiquiatras mais bem preparados em filosofia e mitologia capazes de saber interpretar as manifestações do inconsciente, queria hospitais psiquiátricos sem eletrochoque e etc.

P.S. Essa foi muito: no final aparece o José Celso Martinez no vídeo falando, obvio um monte de viagem. Coisas do tipo Nise, dionise, baco deusa do vinho e blá, blá blá...

2 comentários:

  1. Caríssima Kátia, muito prazer. Nossa, seu blog tá concorridíssimo eihn?

    Lamentavelmente, nesse "mundo globalizado" alguns recursos nos são oferecidos. Entre eles, a possibilidade de sermos avisados quando virtualmente alguém tece algum comentário que diz respeito ao que fazemos, vida ou obra. Nós, em Nise, sempre 'provocamos' essa rica experiência através de debates, bate-papos... enfim, a troca, quando generosa, é rica.

    O título de seu texto - "Minha HUMILDE impressão blá blá blá" (para utilizar o mesmo 'recurso' irônico que usaste, ok?) - me remete ao título do também "humilde" Caetano Veloso ao escrever o livro "Verdade tropical" (sobre o Tropicalismo). O recurso de se 'humildar-se' para destilar 'verdades' é algo corriqueiro também na sociedade anônima que se esconde na sombra da internet. E digo "se esconde" pois você ao postar suas "humildes verdades" não quer réplica. Ou jamais esperaria. Apenas quer destilar as suas verdades (?)

    Kátia, a crítica é sempre benvinda, quando ponderada e vertida não como veneno, mas como bálsamo, remédio... Troca. Moeda rara...

    Seu texto escorre pelo canto da (tua) boca com a mesma sisudez com que os ditos 'psis' desdenhavam dos ditos loucos. Um espetáculo de teatro, minha cara Kátia, nào é uma tese, nem um doutorado. Mas uma... "Emoção de Lidar". Termo que deves conhecer (não sentir), Niseana que é (ou julga ser). Esta 'emoção' corre em via dupla. E cada expectador tem o espetáculo que merece. O seu foi este relatado por ti, o possível a ser alcançado pelo teus olhos. Um espetáculo de 'blá blá blás' caricaturais, que profetiza o mesmo desejo que a 'torcida do Corintians'. LIBERDADE! Talvez por isso sejamos um dos fenômenos da atual temporada teatral paulista, sem nenhuma mídia paga. Falamos o que a torcida do Corintians quer ouvir. Liberdade Kátia... Liberdade.

    Sua prosa, recheada de deboche, é humildemente tosca. E tão caricata quanto o espetáculo que você viu. Eureca!!! Teus olhos refletidos no palco! Chegamos ao ponto.

    Faço votos que sua rigidez verbal não perpasse seu trabalho, que me parece interessante. Talvez seja a salvação de sua pessoa, o mergulho nos animais, na Arte... Assim como o teatro salva a minha. Faço votos.

    Ah! Por que 'perdi' meu tempo escrevendo para você? Porque tenho prazer no ato da escrita. Faço dele poema-prosa que subverte (diverte!) a mim mesmo. Sou aquele produtor que posta as mãos como um budista ou algo oriental no início da peça, lembra? Aliás, sou o produtor, diretor, autor, criador multimídia, contraregra... e também limpo o palco se for preciso. "Humildemente".

    Luz e Paz. Daniel Lobo

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  2. Puxa Daniel, fiquei lisonjeada pela importância que você deu à minha opinião de espectadora e que, como você disse, tenha perdido seu tempo escrevendo para mim. Mas, olha, não se aborreça com o que eu disse sobre a sua representação de Nise da Silveira. Minha opinião é só mais uma entre milhares de opiniões que circulam por aí sobre um monte de coisas que acontecem no mundo. Sei de gente que viu, gostou e até recomendou sua peça, que, como você mesmo garantiu, é um sucesso. Eu não sou uma formadora de opinião, fique tranquilo. Sou apenas uma espectadora que escreveu no seu blog uma opinião sobre uma peça que foi assistir, cujo tema tem a ver com o meu trabalho.

    Deixa eu te dizer outra coisa: o meu "humilde" do título "Minha humilde impressão sobre a peça Nise da Silveira" não foi de jeito nenhum um falso humilde, como te pareceu. Foi o "humilde" de alguém que sabe muito bem que não é nenhuma crítica teatral e que só deu sua opinião de espectadora. Foi um recurso estilístico, portanto, de linguagem e não um "recurso irônico", como você achou. Como também já falei muito em meu blog, e muito humildemente, sobre alguns filmes, sem por isso querer posar de crítica de cinema.

    Opinião, Daniel. Só opinião. E de uma espectadora sua. Sabe, depois de você dizer que eu fui tosca, caricata, irônica e sei lá mais o quê na opinião que dei sobre sua peça, eu até fui ler de novo meu post pra ver se eu tinha sido tudo isso mesmo sem querer. Sinceridade? Não achei que eu fui grosseira com você, que fui grosseira na forma como dei minha opinião sobre sua peça. Uma coisa é minha opinião não ter lhe agradado, mas daí a dizer que fui indelicada, venenosa, sisuda... No fim, se você pensar bem, sua inconformada resposta ao meu post acabou sendo mais indelicada do que você acha que eu fui ao dar minha opinião sobre sua peça.
    abs

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