quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Veja entrevista com Ligiane Castro, psicóloga que trabalha com sua cachorra Balú


1) Como você conheceu o trabalho de terapia assistida por animais?
Foi na época da faculdade, durante os estágios de atendimento clínico a pacientes. Na época eu atendia um menino de 8 anos, vítima de violência doméstica, que tinha muitas dificuldades de se vincular aos 3 profissionais da equipe multiprofissional que o assistia. Motivada pelos trabalhos de Nise da Silveira, de onde tirei inspiração, levei para a clínica escola Ernesto, meu gato de estimação. A idéia era amadora, não estava embasada em conhecimento especializado sobre TAA. A questão é que nenhum recurso tradicional obtinha resultados com o menino, que não falava e era agressivo. Sabia que a criança gostava de gatos, o comportamento de Ernesto era bastante previsível e minha supervisora de estágio achou a idéia viável. Levei o gato para a sessão. Ficou muito claro que a presença do animal na sala de ludoterapia foi um divisor de águas: antes/pós Ernesto. O menino conversou, falou de sua história pela primeira vez por meio da “história do Ernesto”, que, segundo ele, “apanhava em casa e sentia muita raiva”. O menino passou a interagir comigo depois, mesmo sem o Ernesto na sala. Os resultados me levaram a querer saber mais a fundo a respeito desta prática, foi quando conheci o trabalho da antiga OBIHACC (Organização Brasileira de Integração Homem-Animal Cão Coração). Foi quando conheci o seu trabalho.
2) Qual é o tema do seu TCC?
            O tema da minha dissertação de mestrado é Terapia assistida por animais como recurso terapêutico no atendimento a crianças enlutadas. Procurei compreender como se dá o atendimento psicológico na fase diagnóstica a uma criança que busca atendimento em função do luto pela perda de um dos genitores (pai ou mãe). Busquei compreender os efeitos da presença de um cão terapeuta no atendimento à criança. Muitos eram os questionamentos iniciais: se a criança busca atendimento por que perdeu alguém, como ficará quando tiver que se despedir do cão? E se a atenção da criança ficar voltada só para o animal, como administrar esta questão? Será que as questões do luto aparecerão em meio à brincadeira? Os resultados da discussão dos dados obtidos foram muito interessantes. Surpreenderam inclusive a mim, embora acreditasse previamente no quanto a TAA poderia contribuir. O que não sabia, e esse era o objetivo da pesquisa, era se neste contexto de luto seria viável a introdução de um animal, e que, ainda, pudesse ter resultados positivos.

3) Como vc desenvolve a TAA nos seus atendimentos
Utilizo a TAA em dois contextos, que envolvem a minha prática profissional: hospitalar e clínico. Assim, cada um destes contextos segue um protocolo e tem objetivos diferentes, especialmente pelo perfil dos atendimentos e dos pacientes.
No hospital, trabalho com pacientes internados que buscam o atendimento embasado na filosofia dos Cuidados Paliativos. São pacientes portadores de doenças potencialmente fatais que estão fora de possibilidade de cura e que estão internados para melhor controle de sintomas e melhoria da qualidade de vida, dentro das possibilidades terapêuticas disponíveis. É neste sentido que a presença do animal atua: como uma ferramenta, um recurso para promover o alívio do paciente. Assim, a TAA é utilizada como um recurso em Cuidados Paliativos.
No contexto clínico trabalho com pacientes enlutados. Este é o foco dos meus atendimentos como psicóloga. Os objetivos são os de uma terapia de luto e a Balú, minha co-terapeuta. Ela facilita meu trabalho, me ajudando nas interações com o paciente. Somos uma dupla de terapeutas, cada uma com os seus objetivos. O meu, trabalhar, dela, se divertir, dar e receber amor.
4) Quem é a Balú para você
 A Balú, antes de qualquer coisa, é minha cadela. É minha “filha”. Mora com minha família e faz parte dela. Temos uma relação afetiva muito forte, muito especial. Acredito que acontece conosco como acontece com pessoas da mesma família que trabalham juntas: há uma relação de trabalho, que exige cuidados, mudança de postura no momento em que atuam juntas, mas que, quando termina o horário de trabalho, voltam a se olhar a tratar como família.
Ela é uma cadela muito, muito especial. Como cão terapeuta, ela é ótima. Fico encantada como ela tem o “timming” correto, como se soubesse o que fazer na hora que tem que fazer.
 Preciso confessar que muito disto devemos à “Tia Katia”, que a treinou desde 3 meses de idade. Por ela a Balú deixa a gente falando sozinha, fazer o quê. O bom é que a gente também adora a Tia Katia. rs
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4 comentários:

  1. Que delícia de entrevista esta da Ligiane! Vocês fazem um trabalho de fato sensacional, Kátia.

    Parabéns por toda essa dedicação, pelo entusiasmo com que profissionais como vocês conduzem atividade (da qual, aliás, você foi uma das precursoras aqui no país), por esse bem todo, enfim, que, com a ajuda dos cães, vocês estão prestando aos humanos.

    E parabéns ao Ernesto e à Balu, que neste depoimento estão representando toda essa espécie de seres extraordinários e elevados que são aos animais.

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  2. Nossa, muito lindo tudo isso. Parabéns!

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  3. Um salve para o Ernesto Pereira Gato!
    Estou louca para conhecer a Balu!

    Parabéns à todos que trabalham com TAA, fantástico!

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  4. hoje, sem dúvida os animais provocam sentimentos de amor, carinho e compreendem as crianças que, em muitas vezes o ser humano não correspodem as necessidades das mesmas.
    estou c/ saudades lise.beijos!!!!!
    meu email irma.lise.lutzer@gmai.com
    fone: 66 84424209 ou 66 99885677 estou em MT

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