domingo, 29 de abril de 2012

O que é autismo


Autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta três áreas específicas: comunicação, interação social e imaginação.

O autismo é também chamado de Síndrome autista (conjunto de características que o autista apresenta)ou transtorno do espectro autista

Definir a doença, isto é, fechar um diagnóstico é muito difícil, pois existem várias formas de autismo. Por esse motivo, é comum denominar o autismo como Transtorno do espectro autista. Quer dizer, existem variáveis que vão desde o autismo leve, até os mais graves e pode afetar uma área mais do que outra.

Um autismo leve, no qual a pessoa consegue de certa forma se comunicar e interagir, é chamado de alto desempenho ou autismo de alta funcionalidade.  
Dentro do transtorno do espectro autista existe a síndrome de asperger (autismo no qual a pessoa não tem atraso cognitivo).

O transtorno de espectro do autismo se enquadra em um transtorno chamado: transtorno invasivo do desenvolvimento (TID ou PDD em inglês) que abrange o autismo, síndrome de asperger, transtorno invasivo do desenvolvimento sem especificação(TID-SOE)  e síndrome de Rett. Todos com algo em comum: alterações na socialização e na comunicação.

Veja as características do transtorno do espectro do autismo, segundo a CID 10 (OMS 1993): Classificação Internacional das Doenças 10ª edição

Se interessa por movimentos repetitivos e estereotipados – pode ficar horas olhando para o ventilador

A criança tende a insistir em rotinas e rituais de caráter não funcional – antes de dormir, precisa dar tantas voltas na cama

Interesses por datas, itinerários (asperger)    

Medos, fobias, alterações do sono e da alimentação,

Ataques de birras e agressão – quando contrariado, mesmo sem um motivo aparente

Quando há retardo mental associado, é comum a auto-mutilação

Não utilização e compreensão dos gestos

Respostas Estereotipadas ou ecolalia(repetição da palavra os frase)

Sensibilidade alterada para mais(hiper) ou para menos(hipo) reação a estímulos sensoriais com luz, dor ou som

Falta de contato visual e olhar vago e distante

Maneirismos, movimentos de balanceio com a cabeça e com o corpo, risos e choros imotivados

Fascinação por movimentos giratórios

inaptidão para brincar em grupo ou para desenvolver laços de amizade.


Segue um blog muito interessante de uma pessoa que descobriu ser autísta http://descobrirseautista.blogspot.com.br/2010/03/demorei-muito-para-colocar-em-pratica.html

sábado, 31 de março de 2012

Meu cão, meu tesouro



 Como amamos o nosso cão! Como é gostoso chegar em casa e ser recebido com um rabo frenético. Como é gosto ver sua carinha olhando para o rosto da gente enquanto estamos falando alguma coisa que ele nem entende ou finge não entender. Como ele fica todo cheirosinho depois de um banho no pet shop! Tem aqueles que o tempo todo pedem carinho. Pedem mesmo.  Se você não dá, ele delicadamente enfia o focinho na sua mão e vai forçando a cabeça, forçando, até quase dentro de você.

Bem, eu tenho muitas lembranças ternas e engraçadas de como nossos cachorros se comportam conosco e o que eles nos fazem sentir de bom, mas agora eu quero é falar de alguns ônus, de como esse amor que sentimos pelos nossos cães pode trazer consequências negativas.    

Um dos nossos maiores erros, por exemplo, é jurar que o cão sente a mesma coisa que sentimos, que os sentimentos deles funcionam como os dos humanos. Situação 1: você  de repente começa a sentir frio, nem pensa muito se está mesmo frio, e vai pegar um agasalho pôr. De repente vê seu cão por perto, conclui que ele ele está sentindo o mesmo frio que você e coloca uma roupinha nele também. Situação 2: a ideia de ficar no escuro lhe causa desconforto, você associa escuro com abandono, medo, aprisionamento. Então, sempre que sai à noite, você faz questão de deixa a luz de casa acesa para que seu cão, que lá ficou, não se sinta abandonado, aprisionado no escuro, com medo, enfim para que ele não tenha as mesmas sensações desagradáveis e angustiantes que o estar no escuro lhe causa.

No entanto, na situação 1, se você puser um agasalho no seu cão só porque você está sentindo frio, o mais provável, se não estiver frio de fato, é que seu comece a sentir calor, a respirar com a língua para fora. Na situação 2, se ao sair à noite, você deixou uma luz acesa para o seu cão não trincar os dentes de tanto medo, o mais provável é que na volta você descubra que, ao contrário do que você imaginava, ele foi justamente procurar o lugar mais escurinho da casa para dormir melhor.

Assim,  quando, mesmo que sem querer, projetamos nossos sentimentos no nosso cão, podemos interferir negativamente na qualidade de vida dele. Também é preciso ficar atento para que o nosso animal não se torne, pela nossa falta de informação ou por descuido, um cão medroso ou violento.

Veja alguns excessos que você pode cometer:

Limpeza: Os cães não gostam de perfume nem de cheirinho de limpeza. Para o cão, o cheiro de perfume só tem cheiro de perfume — é sem graça demais, não é nada emocionante. Já o cheiro que é ruim para nós representa para eles um universo maravilhoso de odores a serem explorados, um mundo de aventura: de outros cães, gatos, pessoas, cocô, xixi... Portanto, não se importe muito se o seu cão andar cheirando algumas porcarias por aí, nem que ele se suje. Caso você tenha muita alfição de vê-lo um pouco mais sujo, no dia do banho leve-o antes a uma praça e deixe-o cheirar sujeiras de rua e brincar à vontade com outros cães no barro, na terra. Tenha a certeza de que você está proporcionando uma experiência rica para ele.

Comida: O seu cão adora a sua comida (a sua mesmo, ainda que adore a dele também), e você acaba ficando com tanta dó de privá-lo daquela lasanha que só a sua mãe sabe fazer que resolve dar “só um pedacinho” para ele não passar vontade, e de pedacinho em pedacinho de uma coisa aqui e outra ali o cão vai ficando obeso.
Preciso confessar que eu mesma já tive muita dificuldade em ser firme nessa hora, mas acabei encontrando um jeito. Sempre que vou comer, eu sirvo a comida deles também. Assim, enquanto eu como a minha, eles comem a deles. O mais importante é que seu cão esteja sempre no peso ideal, portanto faça a sua parte e lembre-se: a saúde dele depende de você. Pense e aja por ele.

Zelo: Visitas constantes ao veterinário podem ser desnecessárias e estressam o cão. Sei de casos de alguns cães que só entram no carro para ir ao veterinário, o que faz com que eles acabem associando o carro com uma experiência negativa. Também há pessoas que assim que veem seu cão fazendo um cocô mole dão logo um vermífugo ou algum remédio contra diarreia. Aqui em casa, quando algum cachorro está com diarreia eu suspendo a alimentação por 24 horas, dou bastante água de coco para que ele não desidrate e aguardo a melhora antes de levá-lo por impulso ao veterinário. Tenha um kit básico de pronto-socorro com polvedine, cerumim etc. Já os remédios alopáticos só utilize quando realmente houver necessidade e sob orientação do seu veterinário.

Proteção: Cães de pequeno porte tendem a pedir colo por qualquer coisa, por exemplo quando veem um cachorro maior se aproximando, se você senta no sofá, se alguma criança vai afobadamente na direção deles... Um cão pequeno precisa ser protegido mais que os cães maiores, é verdade, mas com moderação. É importante que ele também aprenda a se proteger, para não ficar inseguro quando você não estiver por perto. Cães de pequeno porte podem brincar com cães sociáveis de grande porte. Cães de pequeno porte podem ir no colo de uma criança que saiba como segurá-lo com segurança. O que geralmente acontece é que antes da situação ameaçadora ocorrer, o cão já dá um chorinho pedindo colo e o dono rapidamente o atende. Socialize-o desde pequeno, deixe que ele chore um pouco e tente deixar que ele mesmo resolva as situações antes de você pegá-lo no colo. Deixe-o também ficar no colo de outras pessoas, isso o ajudará a lidar com seus medos e a se dar conta de que o mundo é feito de outras pessoas legais além de você. Para ele, acreditar que o mundo bom e seguro não é feito exclusivamente de você, do seu dono, é uma injeção saudável de autoconfiança. Já você... Ah, você, sim, pode continuar gritando aos quatro ventos, sem problema nenhum, que o seu cão é o cão mais bonito, o mais legal e o mais inteligente que existe no mundo.

Pelo menos é isso que eu acho dos meus!

sábado, 24 de março de 2012

O perfil dos assistidos

Acho importante antes de iniciar o trabalho de TAA fazer uma anamnese com o paciente. Questões que irão ajudar na escolha do cão co-terapeuta.

Lembro que trabalhei com uma menina com síndrome de down numa escola de inclusão (Paulicéia). Eu ia com a Milla (Golden retriever). Nas sessões a menina   gostava de brincar com a cachorra, mas eu sentia que não havia um vinculo, era mais um carinho.

Um dia precisei levar a minha outra cachorra (poodle) na sessão. Coloquei a Scully no cantinho da sala e iniciei a sessão com a Milla e a menina. Começamos com escovação. Ela escovava os pelos da Milla e olhava para a Scully, até que perguntei se poderíamos chama-la para também ser escovada. A menina fez um gesto afirmativo com a cabeça e deu um sorriso. Bem, o restante da sessão foi com a Milla deitada dormindo em um canto e a Scully recebendo carinhos e petiscos. O rosto da menina era de ternura pela Scully, ela na hora sentiu uma empatia.

Nesse exemplo pude perceber que embora a Milla seja uma excelente cão co-terapeuta, a identificação aconteceu com a Scully, uma poodle sem muitos “atrativos”

Creio que se tivesse feito algumas perguntas antes de iniciarmos o trabalho, daria para perceber suas afinidades e escolher melhor o cão.

Segue uma dica de uma anamnese para crianças que não tem a linguagem comprometida:

  • Você gosta de cachorro?
  • Qual cachorro você acha mais bonito?
  • Que tamanho de cachorro você gosta mais?
  • Você tem cachorro? Qual?
  • O que vc mais gosta no seu cachorro?
  • Dos cachorros que você conhece, qual você acha mais legal?
  • E o que você menos gosta em um cachorro?
  • Algum cachorro já latiu pra você ou tentou te morder? Como era esse cachorro?

OBS.: no caso de assistidos que não conseguem verbalizar, aconselho fazer uma sessão com cada cachorro para verificar qual deles a criança se identifica mais.
   

sábado, 10 de março de 2012

Minha humilde impressão sobre a peça Nise da Silveira


Fui assistir a peça sobre a Nise da Silveira.
Ao entrar na sala do teatro, deparamos com a atriz no início do corredor, pintando um quadro. A pintura: uma mandala. Depois que todos se sentam, o produtor da peça se aproxima dela, faz um cumprimento com as mãos juntas tipo cumprimento de budista ou alguma dessas religiões orientais e aí a atriz vai para o palco dar início ao espetáculo. Começa dançando e falando em algumas línguas (francês, italiano) e depois para, fala algo sobre Nise, alguma coisa engraçada sobre ela e  volta a dançar. Vai assim durante todo o tempo que estive lá.

No meio da fala ou da dança, não me lembro ao certo, aparece a imagem de Ferreira Gullar dando um pequeno depoimento sobre Nise. Disse como ela alertou a classe psiquiátrica sobre a importância do afeto e que os pacientes esquizofrênicos tinham sim afetividade.

Quem assistiu a peça e não conhecia o trabalho da Nise, provavelmente saiu com a impressão de uma mulher que brigava muito por seus ideais, uma mulher teimosa, comunista e espirituosa. Só!
As frases maravilhosas que ficaram famosas de Nise, foram jogadas durante a peça, parecendo que ela era mais uma pessoas cheia de “frases de efeito” do que qualquer outra coisa.
O que faltou? A seriedade de Nise da Silveira. Onde ficou a Nise com uma teoria embasada nas suas pesquisas, onde ficou a importância real da afetividade e de seu tratamento embasado na expressão não verbal como forma de trasladar o inconsciente? Não foi dito o principal, que Nise frisava com veemência a importância de estudar muito para saber traduzir a interpretação simbólica das expressões artísticas , as expressões não verbais, no qual podemos incluir a relação homem-animal. Aliás, quem não a conheceu, nem imagina que ela trabalhou com animais, somente que tinha gatos.

Enfim, foram várias “pinceladas” muitas delas caricatas da vida de Nise da Silveira como psiquiatra e mulher vanguardista. Tudo isso dito de forma tão pretensiosa com um falso simbolismo de dar sono.

E no final, a atriz disse que queria terminar com o desejo da Nise: liberdade!

Gente, só pra constar: a Nise e a torcida do Corinthians desejam liberdade, mas acho que ela além da tal liberdade, também gostaria que fosse difundido o conceito de psiquiatria humanitária, psiquiatras mais bem preparados em filosofia e mitologia capazes de saber interpretar as manifestações do inconsciente, queria hospitais psiquiátricos sem eletrochoque e etc.

P.S. Essa foi muito: no final aparece o José Celso Martinez no vídeo falando, obvio um monte de viagem. Coisas do tipo Nise, dionise, baco deusa do vinho e blá, blá blá...

sábado, 3 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

TAA com Victória

Victória é uma menina de 5 anos muito meiga que tem seu cão Flash em treinamento. Nessa sessão iniciamos o trabalho de integração e vínculo entre eles e fazer com que Vic consiga focar sua atenção por alguns minutos na atividade. Depois da realização da atividade, descemos no pátio do prédio para mostrar o Flash ao grupo de crianças brincando. Victória conseguiu conversar com as meninas e escolheu quem podia passar a mão no Flash e quem podia dar uma voltinha com ele.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Uma breve história de Freddy. Um cão terapeuta que trabalhou até ir para o céu (por Fátima Neves)

Freddy no asilo Recânto da vovó

No dia 18/12/11, ainda sem entender porque São Francisco resolveu chamar a Nuvem para
perto dele tão novinha, tão feliz (falarei dela num outro momento), perdi meu companheiro,
Freddy. Um lindo poodle cinza, que não latia, não chorava, não reclamava de nada. Era passivo e generoso. Um cachorrinho tão na dele, que um treinador mal informado definiu
como “covarde” e que “não servia para nada”.

Bem, eu não acreditei nessa versão e fui procurar outro treinador, até que encontrei um que
me disse que talvez ele não servisse para agility, pois parecia não gostar, mas certamente
gostaria de algo. Até que a outra treinadora do local disse, acho que para Terapia, que você
gosta tanto, ele está pronto. E ela, me indicou a OBIHACC, já com uma recomendação para o
tal cãozinho, que já tinha 8 anos, na época idade limite para trabalhar.

Lá fui eu, achando que ele era bonzinho, que podia até servir para esse trabalho. Ele foi
aprovado e já começou a trabalhar. Nesse momento, reconheci nele não um colega de
trabalho, nem um companheiro, fui apresentada a um professor. Claro que os humanos que trabalhavam comigo em TAA me ensinaram muito, muito mesmo sobre esse trabalho, mas ele, ele me ensinou tudo. Tudo o que olhar num cachorro, tudo o que observar no assistido e tudo que uma criatura, seja da espécie que for é capaz de fazer e de sentir em benefício do próximo. E do quanto beneficiar o próximo é bom para nós mesmos.

Ele me ensinou a ter sensibilidade de fazer o que era mais adequado ao momento, mesmo que não fosse o solicitado. Até rezar, na capela do hospital, junto com uma criança cardiopata ele rezou. Olhava aquele crucifixo, junto com a criança, como que estando em prece junto a ela. Uma enfermeira desse mesmo hospital disse que ele seria um workaholic, pelo tanto que
gostava de trabalhar. E fazia isso com alegria. Essa alegria independia do público. Trabalhou
com idosos, crianças cardiopatas, adolescentes com necessidades especiais, crianças com
transtornos psiquiátricos, autistas e adultos cardiopatas. Foi a inúmeras palestras e eventos,
onde era acariciado, apertado, amassado...

Bem, o trabalho era tão importante para ele, que conforme foi ficando mais idoso, com sua
aposentadoria na minha perspectiva, o veterinário dizia constantemente: “não aposente esse
cachorro, ele precisa trabalhar, se ele ficar parado vai adoecer”. Bem, olhando o jeito dele,
percebi que era fato, então apenas diminuí a carga. Até os 14 anos ele trabalhou como se
tivesse dois ou três, nem tomava conhecimento da idade. Depois dos 14, começou a sentir o
peso da idade, mas, no seu dia de trabalhar ficava pronto antes de mim. Se comportava como
filhote assim que me via pegar a bandana.

Tão importante que, já bem debilitado, com a aposentadoria inevitável, foi trabalhar no
Recanto (onde trabalhou por mais de 7 anos) na quinta-feira, 15/12, última sessão do ano,
onde foi comunicada sua aposentadoria no ano seguinte, com direito a foto coletiva, com
todas as idosas e muito colo carinhoso de despedida. Foi até o leito de sua maior fã, acamada, avisar que se aposentaria em 2012.

Aposentou-se efetivamente, em 18/12/11, no céu, onde certamente a Nuvem e os demais
cães terapeutas lá estavam, esperando o mestre, para continuarem trabalhando. Ou alguém

acha que ele foi para lá descansar?