segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Utilizações em TAA para profissionais da área da saúde

Tenho recebido alguns e-mails de estudantes e recém-formados em psicologia, fisioterapia,T.O. e fono. Todas com uma questão em comum: o que fazer com o cão na terapia, isto é, eles sabem da importância do animal nos diversos tratamentos, mas não sabem efetivamente como acontece esse processo terapêutico.
Por esse motivo hoje vou direcionar esse artigo para os iniciantes e curiosos.

O trabalho com cães terapeutas é um recurso excelente para que o terapeuta consiga trabalhar a área emocional do paciente.

O grande erro cometido por alguns profissionais que entram nessa área é achar que o “cão resolve tudo”. Essa visão é totalmente errada, pois o responsável pelo sucesso ou fracasso da terapia sempre é o profissional. A efetividade do processo analítico ou das sessões de fiso, T.O., vão além da interação do animal com o paciente. Acontece com a interpretação desse relacionamento feita pelo profissional.

Um cão co-terapeuta provoca no assistido reações emocionais que dificilmente só com a presença do profissional aconteceria em um prazo muito curto de tempo.

Não importa em qual área da saúde, o cão sempre atuará como um recurso emocional, no qual o assistido o utiliza principalmente como um objeto projetivo. Também através da confiança e amor que o assistido passa a sentir pelo cão, ele transfere para o profissional a empatia da relação criada entre animal/paciente.

Como referencia psicanalítica, gosto muito das teorias de Winnicott. Para ele, é fundamental no desenvolvimento da maturidade o objeto transicional. De uma forma bem simplificada, objeto transicional é um recurso psíquico que utilizamos para enfrentar as dificuldades do mundo real. Por exemplo, um bebê recém-nascido tem certeza que ele e a mãe/peito são a mesma coisa. Com o passar do tempo ele percebe que esse peito não faz parte dele e que ele não tem poder sobre esse objeto. Começa a partir da ilusão a realidade. E surge a frustração. Segundo Winnicott, para sobrevivermos com isso, tentamos arranjar um outro substituto desse peito quando ele não está presente. Esse “substituto” é chamado de objeto transicional.


Fiz esse parêntese mais didático, pois o cão é um excelente objeto transicional. Na perda da chupeta, na troca de escolas, mudanças na adolescência até um divórcio sofrido. Sempre teremos o recurso transicional (cão) para amenizar o sofrimento.

Então, o cão co-terapeuta pode atuar:



  • Como um laço afetivo entre o paciente e o profissional, pois ao sentir amor por aquele animal, também estende esse afeto para o terapeuta;
  • Nas sessões de fisioterapia, T.O. e atividades que envolvem motricidade, o cão atua de forma lúdica. Ao realizar funções específicas como exercícios puxados e repetitivos com os cães, isso se torna uma brincadeira gostosa e divertida;
  • Como um mecanismo de defesa, principalmente na projeção. Ex.: pessoas com anorexia pode expressar frases do tipo “ninguém gosta dele porque ele é gordo, mas só eu gosto dele”;
  • Os cães são um reforço social positivo. Assistidos com auto-estima baixa conseguem interagir socialmente quando o cão é o foco de atenção. Ex.: um paciente retraído ao levar o cão para um passeio, a cada sorriso, a cada elogio que o cão leva, o assistido sente-se reconfortado por não ser o centro da atenção e mais valorizado por receber os elogios como se fosse para ele.
Segue um vídeo de fisioterapia assistida por animais realizado no asilo Recânto da Vovó om os cães da ong INATAA Freddy (poodle), Namour(golden) e Aníbal (SRD) e em Santos fisioterapia com crianças e a ong Pegadas e Passos

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