sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

TAA e AUTISTA para iniciantes e interessados na área


Para início de 2012, segundo sugestão vou descrever um pouco sobre o que é autismo e as possibilidades de se trabalhar com TAA.
A princípio, posso dizer que com o passar dos anos, o conceito sobre autismo foi mudando e se transformando. Baseado nas minhas experiências, afirmo que o autista possui sim afetividade e pode ser muito carinhoso quando melhor compreendido.
A TAA com os autistas
Acho que o maior mérito do sucesso da TAA com os autistas está na  pouca interferência dos profissionais nesse relacionamento no início do tratamento. O profissional é mais um observador, deixando que a aproximação ocorra progressivamente até que se estabeleça a confiança entre autista-cão. Depois de instituída essa relação, ai sim, o profissional passa a “participar” da terapia. O interessante é que a criança só adquiriu total confiança no terapeuta após criar um vínculo amoroso com o cão e esse vínculo é criado com pouquíssima interferência do profissional.
Outra grande vantagem são os ótimos resultados nas diversas áreas de atuação.
Um exemplo é o trabalho em parceria do psicólogo com o Terapeuta Ocupacional. Atividades como levar o cachorro para passear, escová-lo, alimentá-lo, são muito bem aceitas pelos autistas, inclusive os de baixo funcionamento.

Eu atuo com crianças autistas de formas diferentes, mas o mais habitual segue um mesmo processo.

1ª fase: no início faço sessões de terapia com meu próprio cachorro e na casa da criança para que se sinta mais confortável no seu ambiente. Durante as sessões vou avaliando as características da família para definir qual cão é mais adequado a essa estrutura familiar. Avalio disponibilidade da mãe, espaço físico, como a criança brinca/interage com um cão, a disponibilidade emocional de todos os integrantes que moram na casa para conviver com um cão terapeuta.
2ª fase: compra ou adoção do animal (teste comportamental). Esse processo é realizado junto com a criança.
3ª fase: o cão passa a conviver comigo e a ser treinado para se tornar um cão co-terapeuta para esse menino. Nessa fase as sessões de terapia são realizadas com a presença do meu cão e a introdução gradativa do filhote.
4ª fase: interação do cão na terapia sem a presença de outro cão, introdução do cão na família.
5ª fase: continuidade das sessões de terapia, mas já com o cão fazendo parte da família.


Cães adequados

1 - É recomendável um cão de porte grande, tranqüilo, que não estranhe comportamentos diferentes do habitual, que consiga ficar muito tempo na mesma posição, que saiba pegar e soltar a bolinha e saiba andar na guia em diversos ritmos (marcha). 

2 – Considero um erro grave dizer que o autista não tem afetividade. Ele não consegue demonstrá-la. O profissional precisa ter muita paciência, pois o tratamento é lento, sendo que em várias sessões pode dar a impressão de não estar progredindo, mas com certeza ele está notando a presença do cão.

3 – O cão deve chegar perto da criança de forma espontânea, isto é, ele deve querer ficar perto sem ser obrigado. Uma dica é oferecer uma bolinha para a cç jogar. Caso ele não queira, jogue vc, mas fique bem perto dos dois.  

4- Conduza a sessão não só pelas atividades pré-estabelecidas, mas use a intuição e a criatividade.


Segue algumas definições teórica  fundamental para as pessoas interessadas no tema, mas que não tem muito conhecimento.
Depois
Definição
A expressão autismo foi utilizada pela primeira vez por Bleuler em 1911, para designar a perda do contato com a realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação.
Kanner, em 1943, usou a mesma expressão para descrever 11 crianças que tinham em comum comportamento bastante original. Sugeriu que se tratava de uma inabilidade
inata para estabelecer contato afetivo e interpessoal e que era uma síndrome bastante rara, mas, provavelmente, mais freqüente do que o esperado, pelo pequeno número
de casos diagnosticados. Em 1944, Asperger descreveu casos em que havia algumas características semelhantes ao autismo em relação às dificuldades de comunicação social
em crianças com inteligência normal. Autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio
de desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de severidade. A apresentação fenotípica do
autismo pode ser influenciada por fatores associados que não necessariamente sejam parte das características principais que definem esse distúrbio. Um fator muito importante é a habilidade cognitiva.
As manifestações comportamentais que definem o autismo incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividades... http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n2s0/v80n2Sa10.pdf


MÉTODOS

TEACCH - Tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios correlatos da comunicação. O TEACCH foi desenvolvido nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e atualmente é muito utilizado em várias partes do mundo. O TEACCH foi idealizado e desenvolvido pelo Dr. Eric Schoppler, e atualmente tem como responsável o Dr. Gary Mesibov. O método TEACCH utiliza uma avaliação ao chamada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para avaliar a crianças levando em conta os seus pontos fortes e suas maiores dificuldades, tornando possível um programa individualizado. O TEACCH se baseia na organização do ambiente físico através de rotinas organizadas em quadros, painéis ou agendas - e sistemas de trabalho, de forma a adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a criança compreende-lo, assim como compreender o que se espera dela. Através da organização do ambiente e das tarefas da criança, o TEACCH visa desenvolver a independência da criança de modo que ela necessite do professor para o aprendizado, mas que possa também passar grande parte de seu tempo ocupando-se de forma independente.

ABA - Análise aplicada do comportamento. O tratamento comportamental analítico do autismo visa ensinar a criança habilidades que ela não possui, através da introdução ao destas habilidades por etapas. Cada habilidade e ensinada, em geral, em esquema individual, inicialmente apresentando-a associada a uma indicação ou instrução. Quando necessário é oferecido algum apoio que deverá ser retirado tão logo seja possível, para não tornar a criança dependente dele.
O primeiro ponto importante é tornar o aprendizado agradável para a criança. O segundo ponto é ensinar a criança a identificar os diferentes estímulos.
A principal critica ao ABA é também, como no TEACCH, a de supostamente robotizar as crianças. Outra critica a este método é que ele é caro.

PECS - Sistema de comunicação através da troca de figuras. O PECS foi desenvolvido para ajudar crianças e adultos autistas e com outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir de
comunicação. O sistema é utilizado primeiramente com indivíduos que não se comunicam ou
que possuem comunicação, mas a utilizam com baixa eficiência. O PECS visa ajudar a criança
a perceber que através da comunicação ela pode conseguir muito mais rapidamente as coisas
que deseja, estimulando-se assim a comunicar-se.


Referências:



Balú e cç autista de 3 anos e meio

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